sábado, 25 de janeiro de 2025

Biblioteca Brasileira de zines

A Biblioteca Brasileira de Zines é um projeto independente criado pela artista Luana Góes para reunir e disponibilizar gratuitamente zines brasileiros. Com um acervo colaborativo e aberto, a iniciativa promove a arte independente e incentiva a produção cultural alternativa, especialmente de minorias. O projeto, lançado em 2025, é acessível e gratuito para leitores e autores. Saiba mais no site oficial: https://biblioteca-de-zines.vercel.app/

Uma iniciativa inspiradora para promover a arte independente. Que, além de fomentar a produção cultural alternativa, destaca obras de autores independentes. Este espaço virtual celebra a criatividade e a diversidade cultural do Brasil, tornando-se um ponto de encontro para artistas e leitores apaixonados pela arte do "faça você mesmo".
#zinevive



Heidegger, o ente, o nada e a arte: Uma reflexão sobre a existência e a criação

Martin Heidegger, um dos filósofos mais enigmáticos do século XX, trouxe à filosofia questionamentos fundamentais sobre a existência e a essência do ser. Seu pensamento não apenas influenciou campos como a fenomenologia e a ontologia, mas também ressoou profundamente na arte, cuja essência pode ser analisada à luz de seus conceitos do ente e do nada.

O ente e o nada em Heidegger

Para Heidegger, o "ente" é tudo aquilo que é, ou seja, tudo que ocupa um espaço na existência. No entanto, ele não se limita a descrever o ente como um objeto estático; o ente é sempre atravessado pelo questionamento do "ser", uma dimensão mais fundamental que nos permite compreender o que significa existir. Assim, enquanto o ente pode ser percebido em sua materialidade, o "ser" é o horizonte que possibilita essa percepção.
Já o "nada" em Heidegger não é um vazio absoluto ou uma ausência de significado, como frequentemente é interpretado. Para ele, o nada é uma experiência que permite ao ser humano confrontar sua própria finitude e contingência. É no contato com o nada, muitas vezes despertado por momentos de angústia existencial, que o homem é impulsionado a questionar o sentido de sua existência.

Arte: um campo entre o ser e o nada

A arte, nesse contexto, emerge como uma das formas mais poderosas de revelar a relação entre o ser e o nada. Para Heidegger, a essência da arte reside na capacidade de desvelar verdades. Ele define isso como "aletheia", um termo grego que significa "desocultamento". Ao criar uma obra de arte, o artista não apenas produz um ente material (uma pintura, uma escultura, um poema), mas também expõe uma dimensão do ser que, de outra forma, permaneceria oculta.
Nesse sentido, a arte não apenas representa a realidade, mas a recria, oferecendo uma nova forma de vê-la. Em uma pintura de Van Gogh, por exemplo, um par de sapatos velhos não é apenas um objeto; ele se torna uma janela para a vida e o trabalho humano, para a passagem do tempo e a fragilidade da existência. A obra de arte torna visível o invisível, desvelando o ser ao mesmo tempo que evoca o nada, o silêncio, o vazio e a efemeridade da vida.

O Nada como Inspiração Criativa

O encontro com o nada, tão presente na filosofia de Heidegger, também é uma força motriz na criação artística. O artista, ao encarar o vazio da tela ou do papel em branco, se depara com uma angústia que é essencialmente ontológica. Esse vazio não é apenas a ausência de conteúdo, mas a possibilidade pura, um espaço em que algo pode ser trazido à existência.
Essa dinâmica entre o nada e o ser é o que torna a arte tão profundamente humana. A obra final é um testemunho do esforço de criar sentido em meio ao caos, de transformar o indizível em uma forma que pode ser compartilhada.

Heidegger e a Arte Contemporânea

Na arte contemporânea, podemos ver a influência do pensamento heideggeriano de maneira ainda mais explícita. Artistas como Marina Abramović e Anselm Kiefer exploram questões de tempo, mortalidade e vazio, frequentemente confrontando o público com o desconforto do nada. Suas obras não buscam apenas agradar aos sentidos, mas provocar uma reflexão sobre a existência e o que significa ser humano.
Relacionar Heidegger, seu conceito de ente e nada, com a arte é reconhecer que a criação artística é uma experiência existencial. A arte é, em última análise, um diálogo entre o ser e o nada, entre o que é revelado e o que permanece oculto. Ao contemplar uma obra de arte, somos convidados a enfrentar nossa própria finitude e, ao mesmo tempo, a celebrar a capacidade humana de dar forma e sentido ao mundo.
Assim, a arte nos lembra que, mesmo em meio ao vazio, há sempre a possibilidade de criação, uma afirmação poderosa da existência diante do nada.


sábado, 11 de janeiro de 2025

Fotografia, conceitos filosóficos e artísticos

A obra A Câmara Clara, de Roland Barthes, é essencial para discutir teorias estéticas e filosóficas sobre a fotografia. Barthes apresenta duas noções centrais para compreender a experiência fotográfica: o studium e o punctum. O studium representa os elementos objetivos e culturais de uma imagem, como seu contexto histórico ou social, acessíveis de maneira coletiva e racional. Já o punctum é o detalhe que rompe com essa lógica e toca o observador de forma pessoal e emocional, criando uma conexão única e significativa.
Fotógrafos como Henri Cartier-Bresson e Diane Arbus exemplificam a interação entre fotografia e filosofia. Cartier-Bresson, com seu conceito de "momento decisivo", reflete o punctum ao capturar a essência emocional e espontânea de um instante, alinhando-se ao surrealismo. Diane Arbus, por sua vez, retratou indivíduos marginalizados, desafiando padrões estéticos e provocando reações intensas através da autenticidade crua e perturbadora de seu trabalho.
A fotografia, além de documentar, funciona como expressão pessoal e cultural, refletindo ideologias e sentimentos de seu tempo. Movimentos como o realismo social, exemplificado por Dorothea Lange, ou o expressionismo, presente nas obras de Sally Mann, demonstram a interação da fotografia com correntes culturais e filosóficas. Incorporar essas reflexões em sala de aula permite aos estudantes entender a fotografia como uma forma complexa de arte, aplicando os conceitos de Barthes para explorar tanto a técnica quanto a sensibilidade artística e filosófica.

Arte Urbana

A diversidade cultural nas cidades intensificou-se no pós-Segunda Guerra Mundial, com instituições como a ONU e a Unesco promovendo a pluralidade em oposição ao monoculturalismo nazista. Michel Foucault apontou que, historicamente, as cidades excluíam os "anormais", confinando-os a espaços marginais. Nesse contexto, a arte urbana emergiu como uma forma radical de comunicação poética, capaz de transformar a experiência urbana e as dinâmicas socioculturais.
A arte de rua desafia normas, ressignifica espaços e convida pedestres a repensarem suas trajetórias, alterando tanto a estética quanto a vivência urbana. Frequentemente ilegal, utiliza edifícios e estruturas urbanas como suportes, abrangendo grafites e diversas formas de expressão. Introduzida como conceito por Allan Schwartzman em 1985, a arte de rua recorre a materiais como sprays, cartazes e marcadores, transformando elementos cotidianos da cidade em telas. Seus criadores, muitas vezes anônimos, criticam o consumismo, o capitalismo e a gentrificação, usando o espaço urbano como meio de reflexão.
A arte de guerrilha, por sua vez, combina intervenção artística e ativismo político, desafiando normas culturais e sociais. Realizada em locais públicos, sem permissão, inclui grafites, performances e instalações que questionam o status quo. Exemplos como o trabalho de Banksy e o "artivismo" destacam temas como desigualdade e direitos humanos. Essas práticas, ágeis e acessíveis, tornam-se ferramentas poderosas para provocar reflexões e responder rapidamente a eventos e crises.

A Teologia da Prosperidade: Fé ou Mercantilização da Religião?

Nos últimos anos, a teologia da prosperidade tem ganhado espaço em igrejas neopentecostais, prometendo sucesso financeiro e saúde como recom...